Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

sábado, 10 de novembro de 2007

E as decisões do mundo

Início > Comunidades > Estudantes de Medicina > Enquetes > Você é a favor da quebra de patentes de medicamentos?
Criado por: Beatriz


112 votos (43%)
Sim.

107 votos (41%)
Somente para alguns remédios.

36 votos (14%)
Não.
255 votos

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Medicina

[e]dy diz:
Aff!!
E se for fazer vestibular vai fazer pra que?
Thiago diz:
Pois é, por isso que não desisti ainda.
Thiago diz:
hahahahaha

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Sobre a frustração

Que merda, eu devia ter vendido a minha vaga.
Vou olhar o currículo dos outros cursos na federal, carinhosamente.

eu não gosto de gente

eu não gosto de gente

eu não gosto de gente

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

A epilepsia de Sérgio

Sérgio é assim mesmo. Sérgio tem momentos, e esse momento, em particular, não é bom. É uma daquelas tardes em que se têm milhares de idéias pela metade na cabeça e nenhuma delas se encaixa para formar algo lógico. Nem ilógico, porque qualquer insight ou pedaço de insight na cabeça não consegue sair intacto, tudo se dissolve ou se estilhaça no córtex associativo, antes de ser expressado.

As pessoas deviam vir com um mecanismo fisiológico de proteção, uma enzima contra esse estupor de excesso de informação e cansaço. É muita idéia, é muita sensação, tudo muito pesado. Parece uma epilepsia branda, parece que dói, ou cansa. Epilepsia branda. Epilepsia leve. Sérgio pensa em convulsionar, de mentira, no chão; para ver se, somatizando, passa isso tudo. Sérgio ri.

Dilema. Se somatizar, provavelmente vai cansar o corpo e o quadro pós-epiléptico vai estar completo: cansaço físico e mental. Se não somatizar, o que acontece? Continua epiléptico? Certamente: está com cara de que vai ser uma daquelas tardes de tédio, tédio pulsante, tédio inexorável, auto-destrutivo. Sérgio se atira no chão, e convulsiona.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Sobre a bina do orkut

A maioria das pessoas criou perfis fakes, ou desativou a bina do orkut, a fim de continuar olhando as páginas alheias sem serem notadas. Eu continuei olhando umas, assumindo a minha posição, e outras eu parei de olhar.

Eu posso chamar isso de cansaço metafísico, falta de interesse pela vida alheia, cinismo ou mesmo fazer uma reflexão psicanalítica sobre isso. Mas é desnecessário.

Sobre a vista panorâmica

Para mim, todo conhecimento e reflexão metafísica sobre o comportamento é um salto do instinto e obviedade para um ponto acima, um nada, um devir intelectual. Esse salto, com o avançar do processo, retorna ao ponto inicial, de mesmo comportamento, porém esclarecido.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Sobre o novo currículo

Agora eu tô sabendo epidemiologia. Estou formado em epidemiologia, sei mais sobre pesquisa médica do que a metade dos médicos famosos com quem me consulto. Na verdade, a maioria deles nem estudou isso na faculdade. Estou na vanguarda do conhecimento científico, no auge do consumismo de informação metodologicamente produzida. Meus professores e médicos, não. A diferença entre mim e eles é que eles tem fama, e um conhecimento muito mais medíocre: semiologia e tratamento. Mas, afinal, é isso que um médico tem de saber: sintoma-doença-manejo.

Mas eu sei epidemiologia.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Exemplo de pergunta cretina

Minha irmã — por que você não quer falar comigo?

Para quem tem menos do que 300gr de massa encefálica: se há um motivo para a ausência de diálogo, esse também se aplica na abdicação ao direito de resposta a perguntas como essa.

domingo, 8 de julho de 2007

Matei você, tão fácil

O que é fácil e o que é difícil? Uma briga abrupta, dizer a morte — assassinato emocional. E esquecer alguém, processo lento e definitivo? Ninguém que mereça o drama da morte dita pode ser esquecido. O assassinato emocional envolve muito menos calor e energia, envolve abster-se e necessita muito tempo, porém nenhuma dedicação. Não matei você com raiva, com amor, com frustração; sufoquei no meu silêncio.

(versão masturbativa do post que eu achei que tinha sido perdido)

Matei você, tão fácil

O que é fácil e o que é difícil? É fácil matar você, dizer a morte — assassinato emocional —

(eu tentando lembrar do post)

sábado, 7 de julho de 2007

Matei você, tão fácil

O que é fácil e o que é difícil? Todo aquele esforço e raiva e lágrimas e frustração de uma briga abrupta, dizer que para mim você morreu. E deixar, simplesmente, o silêncio encher de pó, e de tanto pó, a distância que nos afasta, que ela se torna inexorável? Ninguém que tenha merecido uma briga de dizer a morte — assassinato emocional — pode ser esquecido. Matar você, tão fácil, é deixar você. É um processo demorado, de certa forma muito mais complexo do que dizer a morte; mas calmo, e fácil. Tem tanta gente que a gente mata sem querer, enquanto não consegue matar quem a gente queria.

(eu achei que esse post não tinha sido publicado ontem, quando minha internet caiu)

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Cansaço

Dudu diz:
hauhaua ok
ta cansado de q?
T h i a g o muy cansado diz:
Da vida.
T h i a g o muy cansado diz:
(toda vez que digo isso me diagnostico depressão, vou arranjar outra explicação...)

T h i a g o muy cansado diz:

As pessoas sempre me reconheciam mais do que eu a elas, sabe.
Antes da plástica para mim o motivo era óbvio: um guri com tamanho nariz era difícil de esquecer.
Mas depois continuou... Minha conclusão é que minha memória é PÉSSIMA mesmo. haha

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Do desfecho

Aí eu me pego correndo no sentido de algo que eu nem sei se existe. E se for uma falácia? E se for inútil? E se for... Ruim? E se for fuga, catarse, se for engano? Quando se anda sem sentido, talvez seja bom olhar para os lados.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

É, isso é um blog.

Sou sua noite sou seu quarto se você quiser dormir eu me despeço eu em pedaços como um silêncio ao contrário enquanto espero escrevo uns versos depois rasgo sou seu fardo sou seu bardo se você quiser ouvir o seu eunuco o seu soprano o seu arauto eu sou o sol da sua noite em claro um rádio eu sou pelo avesso sua pele o seu casaco se vai sair o seu asfalto se você vai sair eu chovo sobre o seu cabelo pelo seu itinerário sou eu o seu paradeiro em uns versos que eu escrevo depois rasgo e depois rasgo sou seu fardo sou seu bardo se você quiser ouvir o seu eunuco o seu soprano um seu arauto eu sou o sol da sua noite em claro um rádio eu sou pelo avesso a sua pele o seu casaco se você vai sair o seu asfalto se você vai sair eu chovo sobre o seu cabelo pelo seu itinerário sou eu o seu paradeiro em uns versos que eu escrevo e depois rasgo e depois rasgo.

(adriana calcanhoto - uns versos)
*lembranças*

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Racionalizando.

A racionalização é um dos mecanismos de defesa ineficazes mais maduro.
    "porra, que merda" não é um exemplo de racionalização, embora utilize palavras. Racionalização é se dar conta que você está irritado com algo que foge/fugiu do seu controle, por exemplo. Ou seja: que você está frustrado.

A sublimação vai mais além, a sublimação elimina essa irritação (defende, de fato). Sublimar é, de certa forma, aceitar.
    "pois é" é um exemplo de sublimação. O ponto ruim da sublimação é que se irritar é uma coisa boa, do ponto de vista de que você conserva o seu poder ativo (i.e. modificador). Quando você sublima algo, você perdeu, se absteve. Mas o que o irritou também — perdeu a sua ação, a sua resposta; pois, mesmo que você faça algo a respeito, fará sem a intenção de modificá-lo, fará sem expressar o seu poder ativo.
    Entretanto, sublimar dói¹ menos. Vou ficar em silêncio.

1- dor psicometafísica

terça-feira, 15 de maio de 2007

Memória

Olho a foto bonita que eu tirei
Com pena de mim, com inveja
Da lente, que viu o que eu não vi

quarta-feira, 9 de maio de 2007

sábado, 28 de abril de 2007

domingo, 22 de abril de 2007

sexta-feira, 23 de março de 2007

Lá estava eu, pondo minhas meias

Que eu ia usar com uma bota que me fazia parecer uma lésbica americana dos anos 90. Tá, mas tudo bem. Eu ia assim porque já estava fazendo um esforço enorme só para sair de casa e acompanhar as pessoas; a fim de não parecer uma criança teimosa, que desiste das coisas só porque ninguém perguntou pra ela o que ela queria fazer ou não.

E 10 minutos depois lá estava a criança teimosa no balcão, esperando as outras crianças, tomando uma garrafinha de água com gás — pois estava em jejum por motivos laboratoriais. E, veja!, nada das outras crianças. Só um bar lotado de gente de beleza duvidosa; um cardápio ótimo, mas que só oferecia água e água com gás para mim; e um blues meio insosso no player do monitor de LCD no balcão. Tá.

Eu me acho ridículo quando estou sozinho esperando os outros. Primeiro porque apoio os braços e fico com cara de "não estou esperando ninguém, não, sim, estou esperando e está horrível ficar sozinho aqui". Segundo porque fico pensando quanto tempo vão demorar e em quanto tempo eu vou ligar e, então, em quanto tempo irei embora. Terceiro porque tenho vergonha de olhar para os outros e viver um momento bon-vivant já que sempre que eu olho para alguém de repente eu desligo e fico com cara de abobado, enquanto a outra pessoa fica me encarando de um jeito intimidado.

E foi assim que, depois de 350ml de água com gás e umas 8 músicas de blues, eu voltei a pé para casa; caminhando atrás de um cara de devia estar todo borrado de medo que eu fosse assaltar ele com as minhas botas de lésbica dos anos 90. Fim.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Pato & pato

Uma vez tinha um pato
Que não amava uma
Pata
Amava um pato
E depois não amava nem
O tal pato
Esse pato sou eu
FIM.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

2007

Começar de novo
Sorrir sozinho ao lado de quem não quer sorrir
Chorar, amar, sofrer, prazer
Romper distâncias
Romper silêncios
Ficar em silêncio
Construir

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

O mormaço de Elisa

    Elisa não queria saber de nada. Aliás, não queria nem pensar: imaginá-lo já lhe cansava. Elisa queria simplesmente deixar de existir, e voltar a ser em outro momento, em outro lugar, com uma aliança no dedo ou um homem na cama, o mais, não sabia.
    O fato é que há milhares desses momentos inexoráveis dentro de sua vida. Instantes, ou melhor, tardes ou noites inteiras nas quais nada lhe é possível e tudo parece sem solução. São desses tormentos intrínsecos que resultam metade dos seus cortes de cabelo. E essa constatação tornou possível a estimativa de quando se dera a última crise. Nessa vez, cortou uma mecha de cabelo com uma tesoura de unha, na altura do ombro. Segundos depois, no queixo, e, mais adiante, à doze centímetros da raiz. Assim se sucedendo com o resto do cabelo; no dia seguinte uma arrependida e mais sã Elisa foi ao salão, a fim de descobrir com o que os penteados com doze centímetros se pareciam.
    E Elisa está agora, novamente, com uma tesoura de unha na mão. A tesoura, porém, desta vez, não a ajudará tanto: o seu cabelo está igual ao de um menino de internato, cujas madeixas foram cortadas com o auxílio de um pote e, depois, penteadas para os lados. Por mais rude que a bicha do salão tenha sido, no entanto, a aparência lhe caiu bem. Os seus seios pequenos e empinados combinam com ele. E as partes baixas do crânio de Elisa, quase nuas, gotejam a sua loucura nos momentos de tédio.
    Elisa agora pensa como seria ser careca. Uma cabeça esquizofrênica ou uma daquelas mulheres gordas que cortam o cabelo com máquina e usam pomada para despentear. E com todo o banheiro, todo o universo pulsando tédio ao seu redor, Elisa decide ter um orgasmo. Gozar é sempre uma das ações para esses momentos de tédio; — apesar de saber que não funciona — Elisa sempre se lembra de quando ouviu no Discovery Health que crianças estressadas tendem a se masturbar mais. Elisa sente-se louca, abobada, ridícula pensando essas coisas e com uma mão no seu clitóris. Pára um instante. O silêncio do tédio lateja. Continua. Elisa goza. Na verdade, só percebe que gozou porque sempre lhe sai pequena quantidade de um líquido estranho, leve umidade, aroma, extremo inconveniente. Elisa pensa em como deve ser ruim ser homem. Elisa se sente frustrada por ter gozado sem perceber.
    Pega a tesoura de unha. Imagina, sem querer — porque, por vezes, seu pensar é automático —, na lâmina ao redor do clitóris. Contrai-se: não quer uma lâmina cortando-lhe o sexo. Deixa de besteira, pensa. Elisa volta a tesoura para cabelo.

(05/10/06)

Na cozinha

— Onde estão os camarões?
— No armário.
— Oh, sim, apodrecidos...
— Eu quis dizer no freezer.
— Não, no mar! Eu estou com o freezer aberto, porra, só que não os consigo achar. Onde?
— Onde o quê?
— Merda.
— Achou?
— Agora você sabe o que era?
— Achou ou não achou?
— Tá, onde estão?
— Embaixo do bacalhau, compramos no mesmo dia.
— Odeio bacalhau.
— Por isso que estamos fazendo camarão.

[...]

— Culpa sua.
— O quê?
— Os camarões. Digo, o freezer.
— Você que não os acha e a culpa é minha?
— Devia ter uma prateleira só com o camarão...
— ...que ia ficar vazia todos os outros 350 dias do ano.
— Nessas épocas no ano, devia, então.
— E o que a gente ia pôr nela enquanto isso?

[...]

— Vou fritar a cebola.
— Começou há dois minutos.
— Pois então, estou fritando-a.
— Ah, sim! Eu não o tinha percebido.

[...]

— Já acabou?
— Tá sentindo o cheiro no ar?
— Sim.
— Por que será?

[...]

— O cheiro fica no ar depois que a gente já parou de fritar.
— E daí?
— Daí que você disse que não.
— Não disse.
— Vá se foder.
— Venha me foder.
— Eu vou.
— Só depois que a comida baixar.
— Vá a merda.
— Você que vai.
— Esqueceu do enema hoje?

[...]

— Eu lavo e você seca.
— Você lava e o tempo seca.
— EU, lavo; VOCÊ, seca.
— A louça seca sozinha.
— Não seca.
— A gente pode descobrir.

[...]

— Quer que eu lave um pouco?
— Não.
— Você não queria que eu secasse?
— Você vai secar.
— Não vou.
— Vai sim.

[No quarto]

— Nunca mais faço camarão.
— Continua chupando que tá bom.

(15/08/06)

João era cético

     E, como todo cético, buscava a razão em tudo. Não que o mundo tenha razão, ele tem só acasos. Mas, felizmente, João tinha 7 punhados de razões para cada fato que ele analisava com seus óculos bifocais.
     Ele tinha duas linhas verticais no intercílio, sinal de compulsão quase sexual pela investigação. Como não se analisa as coisas sem premissas, João estudava. E estudava muito, observava, assistia — quando a mente acalmava, é claro —, sempre coletando dados que lhe servissem de postulados em seus exames. Aos livros, ele deveu, então, um dos graus de suas lentes. À compulsão por nitidez e clareza, o outro.
     Pode parecer, numa primeira visão, que o homem era curioso. Não. A paixão pelo escrutínio foi motivada, talvez em parte, mas nunca totalmente pela filosofia em si, senão devido à incapacidade que João tinha para suportar qualquer indeterminação. E, seguindo essa lógica comportamental, não é difícil prever, seguiram-se muitas dores de cabeça: a do porque pinga a torneira, porque a lua aparece pequena em fotografias, como funciona uma caixa de marchas, qual é o motivo da gravidade... E a do sentido da vida, entre outras.
     Sim, João descobriu o sentido da vida, ou deu um à ela, mas deixa pra lá. Acontece que um dia teve algo que João não entendeu.
     7 sinaleiras abertas consecutivamente. E ele só foi notar na 5ª. Deixou passar, mas se lembrou de que a 'onda verde', como era chamado o projeto de sincronização dos semáforos, ainda não fora aprovado, muito menos instalado.
     Uma buzina atrás de João. Não pode ser: a oitava sinaleira, ele se enganara, também estava aberta. Ele tinha de averiguar, de repente sentiu-se envolvido por um elã empírico e todas as linhas de compromisso da agenda de João se apagaram, naquela manhã.
     Naquela manhã, João percorreu São Paulo inteira, com uma fila de carros atrás, e o caminho livre à frente. Tentando inultimente dar razão para todo aquele caos. Todos os sinais verdes.
     João nunca mais foi o mesmo.

(23/05/06)

Desejo é estufar o peito

    Eu vi os contornos, de longe, meio embaçados. As listras de tarde, que as persianas de fibra, do alto, deixavam dançar em suas formas lascivas, devido ao balanço do vento, reluziam alegres na sua pele. O andar cheio de hesitação, mas gracioso. O rosto... E tudo isso passou semipercebido por minha consciência, como outra banalidade do existir.
    Passando-se os minutos, porém, naquela dança sutil que dois corpos fazem quando se percebem, de longe, e que dançam, disfarçando, fazendo outras coisas. Os olhares, os gestos, tudo é mais belo; porque tudo é pro outro, como um presente.As formas vieram para perto, trabalhar no lado de cá. Aquele ar que fica denso, pela proximidade, como o derradeiro ar carregado que precede um relâmpago. Os olhos se afastam, comedidos, com medo de provocar alguma descarga; nos parcos instantes, porém, se atritam um pouco, gerando faíscas. As curvas ficam, mas as curvas vão, dançando.
    De repente: o último ato. E o adeus anuncia-se, implícito, já pelo tempo decorrido. Os olhos caem um pouco, mas continuam observadores. No caminho até mim, as pupilas se cruzam e se atravessam até a tensão ficar insuportável, e sento num canto. O adeus, implícito; o armário; a escada; olhar de soslaio, um pouco demorado; a mão no corrimão, lasciva, teimosa, querendo ficar; adeus, explícito. Nenhuma palavra.

(22/09/05)

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Desculpa

Eu não estourei os teus sonhos
No meio do céu
Para te fazer sofrer:
Eu assoprei o balão por um dia
Para vê-lo lá no alto
E ele estourou nas estrelas.

domingo, 28 de janeiro de 2007

Noite surda

Então, deitado na grama, eu pensei ter entendido porque as pessoas não olham as estrelas. Elas me esmagavam com seus zilhões de toneladas entre o chão e o céu; depois atravessavam-no como imensas navalhas a perfurar os olhos, sangrando um brilho difuso por toda a noite. Tão assustadoras, as estrelas. Tão avassaladoras que me erguiam até elas, astros imortais, e embaralhavam meus sonhos entre constelações.

A grama era tão vasta que eu podia sentir a terra girando, veloz, raspando meu rosto contra o céu. Queria fugir mas não podia levantar, senão despencariam as estrelas. Ouvi meu coração. Ouvi as ondas. O silêncio das ondas era ensurdecedor. Era o ruído de 40 bilhões de ondas esculpindo praias pelo mundo inteiro. Era o barulho de mil e quinhentos trilhões de grãos de areia de atrito intenso. Onde foram parar os carros, as cidades e todos os papéis burocráticos?

sábado, 20 de janeiro de 2007

Cansaço

Eu gosto de pensar que você, seja lá quem for, se eu não encontrar, esteve num lugar que eu não pude olhar. Olhando para a minha nuca, logo depois de eu ter desistido de ficar procurando na multidão. Assim a culpa não é minha, né?

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

As minhas mentiras

Minhas fotos mentem sonhos que estavam ocultos na realidade. Sonhos que eu não soube ver de outro jeito, senão mentindo.

Então, quando minha lente se abriu, não viu o que se veria, mas os sonhos que eu procurava desesperadamente naquele instante.

Ela viu, por exemplo, a expressão no meu rosto, que via, por exemplo, você, num lugar oculto dentro daquela realidade.

sábado, 13 de janeiro de 2007

Interna

Depois eu digo que vou morrer solteiro e ninguém acredita. =/

Dos fantasmas

Eu vi suas pegadas na areia
E eu não sei quem você é
Por isso me apaixonei

Olhos perdidos na mesa da cozinha.

[minha irmã se acha o máximo por ter mandado fazer o almoço, fica sempre puxando assunto, mesmo eu esclarescendo que não quero falar. Só tem carne, porque ela só come carne. Eu como a carne pura. Meu peito fica queimando de culpa num canto escuro da minha consciência]

Saldo da minha análise dos desenhos do Mármore Santa Cecília, na mesa da cozinha:

Um emoticon triste; uma cara de homem triste em cima do emoticon triste, com bigode e queixo muito largo e redondo; duas cabeças bezerro recriminadoras; uma cara de porca arrogante.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

O Frio

Será que o mar não sente frio no inverno? Eu sinto tanto frio quando entro no mar. E minha mãe sente tanto frio quando eu abraço ela depois de entrar no mar. Será que o mar não sente tanto frio no inverno, quando eu não abraço ele? O mar é frio, o céu é frio, a pedra é fria e úmida. O meu peito é frio e úmido, e treme. Treme, olha, tum tu-tum tu-tu tum tum tu-tum tu-tu tum tum. Acho que o mar não sente frio porque o mar não quer ser quente. Meu peito quer ser quente, então ele sente frio. E se ele não quisesse ser quente? Será que, depois de me abraçar, você ia precisar abraçar a sua mãe para ela sentir frio também?

E quando chega o inverno eu fico indeciso. Eu quero ficar quente, mesmo sentindo frio. Mesmo sentido frio. E eu não sei se eu quero ficar quente com o sol me abraçando ou queimando por dentro. O sol queima por fora, e dá mais frio. Mas o sol abraça tanto, e tão quente. E queimar por dentro esfria a pele, e passa o frio. Porque correr, amar e chorar esquenta tanto que eu não preciso de cobertor quando chega a noite.

Não sei se é preciso ter esse inverno. Sei que se tem e, pronto, não questiono. Questiono só como vou passar o próximo. Quero queimar meus cobertores. Quero queimar meus cobertores. Quero queimar o sol. Quero queimar o peito. Quero queimar meus cobertores.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Uma Manhã de Domingo.

Tem dias que eu acordo no meio da manhã, depois de ter levantado. Consigo sentir o ar me abraçando de todos os jeitos. Como é bom existir. Como é bonito o devir.

Acho que nessas horas não importa a minha solidão. Acho porque nessas horas, importa tudo. Porque tudo é aceito e tudo me é bonito. A pessoa que eu achava que amava. E as pessoas que eu queria amar. E as ondas. E o ar.

É uma felicidade triste. E eu só queria saber dela mais vezes.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Será que eu amava?

Será que era coragem?
Será que era ilusão?
Será que era verdade
Que se encaixavam
Perfeitamente as nossas mãos?

Bossa Nova na Vida

Vai ser desconcertante,
se tens um novo amor.


Vou viver minha vida. Cansei disso, mesmo. Sem tempo, sem espairecida, sem ilusões. Vou abrir as portas e as janelas. Beijosmeliga.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Estou na praia, então:

  • Orgânico, demasiado orgânico

Me bronzeei, meu cabelo está horrível, parei de malhar, como frutos do mar, libido EM ALTA.

  • Borboletas no estômago

Libido EM ALTA.

  • Minhocas na cabeça

Estou estudando fisiologia agora porque desisti de procurar artigos no pubmed via lanhouse (é muito mais difícil que atualizar o blog, sabem), vou ler uns artigos que tenho, sei lá. Faculdade em atraso. :)

  • Idílico

Ando aproveitando as caminhadas na praia para mais uma coisa além de definir os músculos da perna caminhando com água no joelho: devanear e tentar meditar um pouco. :)