— Onde estão os camarões?
— No armário.
— Oh, sim, apodrecidos...
— Eu quis dizer no freezer.
— Não, no mar! Eu estou com o freezer aberto, porra, só que não os consigo achar. Onde?
— Onde o quê?
— Merda.
— Achou?
— Agora você sabe o que era?
— Achou ou não achou?
— Tá, onde estão?
— Embaixo do bacalhau, compramos no mesmo dia.
— Odeio bacalhau.
— Por isso que estamos fazendo camarão.
[...]
— Culpa sua.
— O quê?
— Os camarões. Digo, o freezer.
— Você que não os acha e a culpa é minha?
— Devia ter uma prateleira só com o camarão...
— ...que ia ficar vazia todos os outros 350 dias do ano.
— Nessas épocas no ano, devia, então.
— E o que a gente ia pôr nela enquanto isso?
[...]
— Vou fritar a cebola.
— Começou há dois minutos.
— Pois então, estou fritando-a.
— Ah, sim! Eu não o tinha percebido.
[...]
— Já acabou?
— Tá sentindo o cheiro no ar?
— Sim.
— Por que será?
[...]
— O cheiro fica no ar depois que a gente já parou de fritar.
— E daí?
— Daí que você disse que não.
— Não disse.
— Vá se foder.
— Venha me foder.
— Eu vou.
— Só depois que a comida baixar.
— Vá a merda.
— Você que vai.
— Esqueceu do enema hoje?
[...]
— Eu lavo e você seca.
— Você lava e o tempo seca.
— EU, lavo; VOCÊ, seca.
— A louça seca sozinha.
— Não seca.
— A gente pode descobrir.
[...]
— Quer que eu lave um pouco?
— Não.
— Você não queria que eu secasse?
— Você vai secar.
— Não vou.
— Vai sim.
[No quarto]
— Nunca mais faço camarão.
— Continua chupando que tá bom.
(15/08/06)
Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
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