Será que o mar não sente frio no inverno? Eu sinto tanto frio quando entro no mar. E minha mãe sente tanto frio quando eu abraço ela depois de entrar no mar. Será que o mar não sente tanto frio no inverno, quando eu não abraço ele? O mar é frio, o céu é frio, a pedra é fria e úmida. O meu peito é frio e úmido, e treme. Treme, olha, tum tu-tum tu-tu tum tum tu-tum tu-tu tum tum. Acho que o mar não sente frio porque o mar não quer ser quente. Meu peito quer ser quente, então ele sente frio. E se ele não quisesse ser quente? Será que, depois de me abraçar, você ia precisar abraçar a sua mãe para ela sentir frio também?
E quando chega o inverno eu fico indeciso. Eu quero ficar quente, mesmo sentindo frio. Mesmo sentido frio. E eu não sei se eu quero ficar quente com o sol me abraçando ou queimando por dentro. O sol queima por fora, e dá mais frio. Mas o sol abraça tanto, e tão quente. E queimar por dentro esfria a pele, e passa o frio. Porque correr, amar e chorar esquenta tanto que eu não preciso de cobertor quando chega a noite.
Não sei se é preciso ter esse inverno. Sei que se tem e, pronto, não questiono. Questiono só como vou passar o próximo. Quero queimar meus cobertores. Quero queimar meus cobertores. Quero queimar o sol. Quero queimar o peito. Quero queimar meus cobertores.
Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)
sexta-feira, 12 de janeiro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário