Então, deitado na grama, eu pensei ter entendido porque as pessoas não olham as estrelas. Elas me esmagavam com seus zilhões de toneladas entre o chão e o céu; depois atravessavam-no como imensas navalhas a perfurar os olhos, sangrando um brilho difuso por toda a noite. Tão assustadoras, as estrelas. Tão avassaladoras que me erguiam até elas, astros imortais, e embaralhavam meus sonhos entre constelações.
A grama era tão vasta que eu podia sentir a terra girando, veloz, raspando meu rosto contra o céu. Queria fugir mas não podia levantar, senão despencariam as estrelas. Ouvi meu coração. Ouvi as ondas. O silêncio das ondas era ensurdecedor. Era o ruído de 40 bilhões de ondas esculpindo praias pelo mundo inteiro. Era o barulho de mil e quinhentos trilhões de grãos de areia de atrito intenso. Onde foram parar os carros, as cidades e todos os papéis burocráticos?
Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)
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