Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)

domingo, 28 de janeiro de 2007

Noite surda

Então, deitado na grama, eu pensei ter entendido porque as pessoas não olham as estrelas. Elas me esmagavam com seus zilhões de toneladas entre o chão e o céu; depois atravessavam-no como imensas navalhas a perfurar os olhos, sangrando um brilho difuso por toda a noite. Tão assustadoras, as estrelas. Tão avassaladoras que me erguiam até elas, astros imortais, e embaralhavam meus sonhos entre constelações.

A grama era tão vasta que eu podia sentir a terra girando, veloz, raspando meu rosto contra o céu. Queria fugir mas não podia levantar, senão despencariam as estrelas. Ouvi meu coração. Ouvi as ondas. O silêncio das ondas era ensurdecedor. Era o ruído de 40 bilhões de ondas esculpindo praias pelo mundo inteiro. Era o barulho de mil e quinhentos trilhões de grãos de areia de atrito intenso. Onde foram parar os carros, as cidades e todos os papéis burocráticos?

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