É assim, não tem jeito. Quando eu me frustro, eu começo a querer fazer algo, querer chamar atenção. Eu quero o colo de minha mãe, e eu quero as mãos do meu pai. Eu preciso do tempo dos meus amigos e de saber os desconhecidos. É uma necessidade urgente de sê-lo, de puxar a linha da vida fazendo laços que unem o hoje com o que está por vir.
Mas então eu alterno. Minha cabeça tem fusíveis, quando a corrente é grande por um lado, eu penso diferente. Ou vai ver é só herbivorismo da minha parte, de querer ficar sempre na mesma, e aí eu penso em felicidade interior. Mas pode escrever: quando eu penso em felicidade interior e estar bem consigo mesmo é porque eu tô realmente frustrado, hehehe.
E nesse círculo eu fico. Faço projetos legais que não vou levar adiante, invento planos e peripécias. Algumas até são levadas a frente, e, bem ou mal, funcionam. Mas não é regra. Em geral é esse curto circuito de pensamentos, plano, desistência, plano, herbivorismo, plano, plano, plano... E no fim a mesma coisa: inércia.
Alguns dizem que eu sou uma pessoa madura para a minha idade. Que bom, sinal de que eu ainda tenho muitos anos pela frente... Quando eu tiver 30 anos vão dizer apenas que eu sou uma pessoa boa, hehehe. A questão é que eu penso demais e ajo pouco. Então eu fiquei craque nisso: pensar.
Parece que é uma epilepsia, um curto circuito mesmo. Chega a ser engraçado, assim, analisando friamente; contudo, na hora é aborrecido por demais. Você fica pensando, pensando, pensando, e vêm coisas na cabeça, até que você desiste, tenta outras saídas e no fim para tudo, por cansaço mental.
Algumas vezes eu já quis ser daquelas pessoas "nem aí". Destes que sorriem sem ficar se perguntando como o próprio nariz está feio, com as narinas arreganhadas feito pernas de dançarinas de cancã. Ou que não se preocupam se tem uns fiapinhos de sobrancelha saindo do contorno, se o cartão de crédito venceu e você está pagando juros, se tem uma mancha na sua roupa... Ou mesmo se você jogou um plástico no chão.
Ah, não, pra mim não. Para mim, se eu jogar a embalagem de uma barrinha de cereal na rua, ela vai cair no boeiro e, não me pergunte como, causar uma daquelas enchentes que desabrigam milhões de pessoas em São Paulo.
Tá, eu não penso sempre assim, também. Eu não sei de tudo, por exemplo. Embora isso tenha me causado um estresse sem tamanho mais de uma vez durante a faculdade, eu admiti que não conseguiria resolver muitos problemas dos meus pacientes, e que irei cometer muitos erros ao longo da vida.
Bom, depois de tudo isso, acho que deu para perceber que eu não sou uma pessoa obstinada. Que os meus planos não dão certo... Que eu sou praticante assíduo da auto-sabotagem e que, não, não vote em mim para presidente. Mas... Mas não sei. Juro que tem um lado bom nisso tudo. Talvez eu ache, um dia, e termine isso aqui.
1- Flutter atrial é uma arritmia cardíaca causada por um ritmo de reentrada aberrante, formado por um curto-circuito no átrio que gera uma freqüência cardíaca aumentada associada a uma contração atrial ineficaz e aberrante. Apesar disso, a contração ventricular permanece íntegra, devido à filtragem dos estímulos pelo nó átrio-ventricular, embora o débito cardíaco esteja parcialmente prejudicado pela perda da bomba de escorva atrial.
Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)
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