Sérgio é assim mesmo. Sérgio tem momentos, e esse momento, em particular, não é bom. É uma daquelas tardes em que se têm milhares de idéias pela metade na cabeça e nenhuma delas se encaixa para formar algo lógico. Nem ilógico, porque qualquer insight ou pedaço de insight na cabeça não consegue sair intacto, tudo se dissolve ou se estilhaça no córtex associativo, antes de ser expressado.
As pessoas deviam vir com um mecanismo fisiológico de proteção, uma enzima contra esse estupor de excesso de informação e cansaço. É muita idéia, é muita sensação, tudo muito pesado. Parece uma epilepsia branda, parece que dói, ou cansa. Epilepsia branda. Epilepsia leve. Sérgio pensa em convulsionar, de mentira, no chão; para ver se, somatizando, passa isso tudo. Sérgio ri.
Dilema. Se somatizar, provavelmente vai cansar o corpo e o quadro pós-epiléptico vai estar completo: cansaço físico e mental. Se não somatizar, o que acontece? Continua epiléptico? Certamente: está com cara de que vai ser uma daquelas tardes de tédio, tédio pulsante, tédio inexorável, auto-destrutivo. Sérgio se atira no chão, e convulsiona.
Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)
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TA TD
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