Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Relativizando o eu, um desabafo niilista

É desconcertante, num dado momento da vida, não poder dar nem que seja uma resposta ingênua e superficial às perguntas que cercam o "eu". Quem sou? O que quero? O que faço? E onde? E como? Por quê? Entretanto, é claro que tudo tem seu lado bom e que da adversidade e da dúvida vêm as conquistas e mudanças que moldam uma pessoa. 

E eu quero mudar. Fugir, chegar, conhecer ou mesmo arrepender-me. Tanto faz. Experimentar, com a sede de uma criança que tenta encostar o dedo no fogo, por puro tédio e curiosidade. Ver o que acontece, provocar, transitar, atritar até sair faísca. Com medo, óbvio, e daí?

Mas outra questão é: e como? Será que em outro espaço? Em outra realidade, ou rotina? Em outro tempo? Será que é mais provável seguir sendo a mesma pessoa ao se trocar de ambiente, reafirmando-se em novas condições; ou mudar, mesmo permanecendo do mesmo nicho, pela inconstância intrínseca do viver? 

Ou, talvez, será que importa mesmo o que somos? E não, ao invés disso, a relação do que somos com o meio em que estamos? O trajeto, a mudança, acima do resultado dos mesmos? Existe mesmo um certo? Um melhor? Um mais bem sucedido? Um mais feliz? Será que o melhor é mais feliz; o sucesso é certo?

Quem sabe, num ponto de vista humanista, um mais adequado? Um mais condizente com nossos planos e ideais? Mas, ainda assim, o que julgamos mais adequado e fiel à nós o é, de fato? Se não enxergamos nada com total clareza e por todos os ângulos, o futuro sempre imprevisível...

Vai ver todo passo é um passo no escuro, principalmente quando não se sabe onde está. A vida feita às cegas e sem importar no resultado. Ou que sejamos todos expressões diferentes de uma mesma equação complexa, um conceito absurdo e ininteligível. Que a única verdade seja inefável e o resto todo mentira, ilusão denominada à toa, falácia. Quem sabe, finalmente, devêssemos parar de julgar os outros, se não sabemos com certeza nem que somos. 


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