Hoje é um daqueles dias bonitos. Tem os dias de vento norte, dizendo "saiam de casa, antes que chova: aproveitem esse sopro quente que eu posso dar"; tem os dias frios e ensolarados, para passeios no sol; tem os dias de verão, para tomar sorvete; os de primavera, para fazer pique-nique; os de outono, para passear pisando nas folhas laranjas, e olhos últimos acenos das árvores, amarelos, contrastando no sol.
Hoje é um outro dia, hoje o céu resolveu brincar de molhar e esperar secar. E o dia amanheceu em todos os lados, por todos os pontos cardeais, de cima pra baixo, de baixo pra cima - refletido na água que a noite deixou, por acaso. Manhã cristalina. Manhã ofuscada. O céu é todo uma mancha, são manchas. O céu é uma poça clara e escura, como se a luz se tivesse derramado em meio à noite. E ninguém sabe onde o sol está, na imensidão clara. Como ninguém sabe onde as estrelas ficam, quando o dia amanhece.
Hoje é o dia mais frio do ano. Não porque não haja sol, para queimar nada e aquecer as horas; não porque a noite fria se fizesse presente, encharcando horizontais; é porque hoje a luz não pára em coisa nenhuma. Nem na nuvem escura o sol parasse: queimou o céu livre inteiro para se derramar; se o ar não é azul: é límpido - e a água não deixa o sol ficar.
Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)
domingo, 22 de junho de 2008
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