Hoje é um daqueles dias bonitos. Tem os dias de vento norte, dizendo "saiam de casa, antes que chova: aproveitem esse sopro quente que eu posso dar"; tem os dias frios e ensolarados, para passeios no sol; tem os dias de verão, para tomar sorvete; os de primavera, para fazer pique-nique; os de outono, para passear pisando nas folhas laranjas, e olhos últimos acenos das árvores, amarelos, contrastando no sol.
Hoje é um outro dia, hoje o céu resolveu brincar de molhar e esperar secar. E o dia amanheceu em todos os lados, por todos os pontos cardeais, de cima pra baixo, de baixo pra cima - refletido na água que a noite deixou, por acaso. Manhã cristalina. Manhã ofuscada. O céu é todo uma mancha, são manchas. O céu é uma poça clara e escura, como se a luz se tivesse derramado em meio à noite. E ninguém sabe onde o sol está, na imensidão clara. Como ninguém sabe onde as estrelas ficam, quando o dia amanhece.
Hoje é o dia mais frio do ano. Não porque não haja sol, para queimar nada e aquecer as horas; não porque a noite fria se fizesse presente, encharcando horizontais; é porque hoje a luz não pára em coisa nenhuma. Nem na nuvem escura o sol parasse: queimou o céu livre inteiro para se derramar; se o ar não é azul: é límpido - e a água não deixa o sol ficar.
Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)
domingo, 22 de junho de 2008
sábado, 21 de junho de 2008
Eperdu
Above day holding nest
Both that sheltering and taking posession
One hand outstretched
Trembles its echo
(Cocteau Twins)
Both that sheltering and taking posession
One hand outstretched
Trembles its echo
(Cocteau Twins)
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Inverno
Faço longas cartas pra ninguém
e o inverno (no Leblon) é quase glacial.
Algo que jamais se esclareceu:
onde foi, exatamente,
que larguei naquele dia, mesmo,
o leão que sempre cavalguei.
Lá mesmo esqueci que o destino
sempre me quis só
no deserto, sem saudades, sem remorços
só, sem amarras, barco embriagado ao mar.
(Adriana Calcanhoto - Inverno)
Pronto, chorei minhas lágrimas de Staphylococcus multirresistente.
e o inverno (no Leblon) é quase glacial.
Algo que jamais se esclareceu:
onde foi, exatamente,
que larguei naquele dia, mesmo,
o leão que sempre cavalguei.
Lá mesmo esqueci que o destino
sempre me quis só
no deserto, sem saudades, sem remorços
só, sem amarras, barco embriagado ao mar.
(Adriana Calcanhoto - Inverno)
Pronto, chorei minhas lágrimas de Staphylococcus multirresistente.
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