Patinetes
Uma vez, eu lembro, voltaram à moda. Eu estava numa daquelas fases pós-consumismo, em que você encara cada objeto como um aglomerado de moléculas moldado por mãos inescrupulosas. Um monte de átomos que não é diferente de qualquer outro monte de átomos, mas que está ali: especialmente moldado para você, e para lhe custar o dinheiro do mês.
Assim foi com os chocolates. Passaram de vício irracional a lixo racional em um piscar de olhos. Na verdade, acho que não tem jeito melhor de transformar algo em lixo e justificar aversão do que racionalizando. De fato, aqueles brinquedos nem eram ruins. Eu podia ter me divertido com eles.
Dói um pouco pensar que eu achava que eles eram ruins só porque não podia comprá-los. Não porque de fato não pudesse, nem, mais logicamente, porque fossem supérfluos (i.e. pertencentes a um conjunto de coisas que não está no seu padrão). É, padrão, sim. Seria como ter 20 reais. Você pode comprar um shampoo sem sal e desfrizzante... Mas, e o condicionador? Faz sentido ter um só? Mas, repito, dói não porque não era parte do meu padrão da época, ou por qualquer outra razão materialista. Machuca-me porque a razão é assim tão podre, tão parcial e ligada às emoções mais mesquinhas. É triste saber pensar e descobrir que não serve para nada.
Prometido e não cumprido. Meu passado e meu futuro. Tudo vira bosta. Um dia depois, não me vire as costas. Salvemos nós dois: tudo vira bosta. (Rita Lee)
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
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